Futebol de rua



Porque é que hoje se fala tanto em futebol de rua e a falta que este faz aos jovens que crescem nesta época? 
O que tinha de especial o futebol de rua?
O que é que o futebol de rua dava aos miúdos?

Descoberta
Os miúdos descobriam-se a si próprios. Tínhamos espaço e tempo para nos descobrirmos sem regras impostas.
É com os pares que melhor nos descobrimos.
A decisões começam a ser tomadas livremente, ninguém me diz se tenho de passar ou driblar, eu é que vou começar a decidir o que leva a equipa ao sucesso.  

Erro
Podíamos errar e o erro era punido pelos nossos pares.
E é aqui com os pares que o erro importa, esta critica, a dos nossos pares tem muito mais força do que uma critica de um qualquer treinador.
Um miúdo de 8, 9 anos não deve ser criticado pelo treinador, deve sentir que não pode errar porque senão os outros não lhe passam a bola e depois tem de começar a ganhar força interior para arrancar a bola dos outros se for preciso, porque ele quer ter a bola. E é aqui que se ganha esta fome de ter bola.

Relação com bola
Passava horas a jogar à bola. Sozinho. Com um amigo. Com vários amigos.
Sozinho jogava contra a parede.. com o pé, com a cabeça.
Aos 10, 11 anos dava perto de 600 toques sem que a bola caisse... hoje peço a miudo sub 19 para dar 20 toques e há quem não os consiga dar.

Vontade ganhar
Ninguém quer perder na rua. Não é preciso condicionantes nem castigos.
A vergonha de perder supera tudo o que é imposto por alguém.
A minha rua contra a rua de baixo... não podemos perder.
Lembro-me de fazer juras e promessas, não podia era perder e isso acompanhou-me para sempre.

Espirito de equipa
Não tinhamos equipamento igual e não tinhamos grito.
Eramos uma equipa porque eramos amigos, porque gostavamos de jogar uns com os outros e eu não podia deixar ficar mal quem acreditava em mim.
Isto é o mais próximo que há de uma verdadeira equipa.

Tudo isto num estado natural. 
Hoje temos de arranjar estratégias para num clube termos aquilo que de forma natural tinhamos na rua.

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